Era uma vez uma menina que adorava borboletas. Todos os dias corria para o jardim, brincar com elas.
Havia borboletas de todas as cores: grandes azuis, pequenas amarelas, vermelhas muito sérias.
Cada dia a menina encontra uma borboleta diferente no jardim. Alguns dias encontrava borboletas verdes, como folhas. Em outros amaronzadas, como casca de arvore. Mas houve um dia que encontrou uma que nunca vira ou imaginara.
A menina vira borboletas com olhos nas asas, imaginara-as listradas ou em rosa choque, mas nunca havia pensado naquela. Era uma borboleta branca. Pousada tranquilamente. A menina olhava admirada.Era como uma borboleta, mas era branca. Borboletas são coloridas, são estampadas. Aquela, por ser branca, parecia não ser. Ou era, era errada.
Borboletas não eram brancas. Amenina sabia, coloridas era como deviam ser, e mesmo assim aquela não era. Por que se fazia tão errada a pequenina? A menina não entendia.
A borboleta levantou vôo, pequeno vôo delicado. Menor de todos os vôos, pequeno como os passos da menina. pousou numa flor branca. Flores podiam ser brancas e não havia nada de incomum. Mas borboletas não. Talvez aquela fosse tão pequena que ainda não havia lhe crescido as cores. Era um bebê, pequeno demais para saber de sua cor, então era branco. Um dia seria grande e lhe surgiriam cores. Ficou feliz com a resposta. Sorriu e cansada com sua descoberta voltou para casa.
- Mãe! eu vi uma borboleta bebê hoje.
Foi então que descobriu que não havia borboletas bebês, todas eram adultas. A menina entristeceu-se. Por que a pequenina não tinha cores? Por que lhe foi negada o que a tornaria borboleta?
A menina adormeceu, entristecida e confusa. Não entendia a pequenina. Naquela noite sonhou em branco. No dia seguinte no jardim haviam muitas borboletas, azuis, amarelas e até uma muito rara de um azul-esverdeado brilhante. Mas pareciam todas sem graça. Pensava só em branco.
A borboleta branca era uma borboleta e não era. Era porque tinha asas e voava e não era porque lhe faltava a essência. Mas menina era difícil entender que certas coisas são e não são e essa é sua natureza. À menina era coisas deveriam ser ou não ser. Ou era borboleta ou era branca. Ela não podia deixar de admirar a brancura.
Borboletas brancas eram mágicas. não deviam nascer como outras borboletas. nasciam de flores brancas. O vento soltava pétalas, levantava o primeiro vôo. Logo eram borboletas brancas, pétalas transformadas. Borboletas brancas eram mágicas.
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
sábado, 27 de outubro de 2007
Uma história qualquer
Um dia ela abriu a porta de casa e saiu. O sol cegou seus olhos por um momento, mas a luz também era aconchegantemente quente. Desceu o degrau q levava a rua e seus pés tocaram o asfalto. O asfalto era áspero, escaldante, queimava-lhe os pés. Ela agora ardia, ardia do asfalto quente.
Mas a porta já estava aberta , ela já descera o degrau, os pés queimados não podiam impedir que seguisse. Ela seguiu, até o fim da rua, cada passo lhe queimava mais a alma, mas a porta já fora aberta, então ela seguia. Virou a esquina e foi interrompida por uma bicicleta que não se interrompeu e acabou por cima dela.
Ela se encontrou inteira com o asfalto. o ardor da alma era-lhe agora também da pele. Sua pele cobria-se de sangue, o sangue escorria, sua alma escorria. A bicicleta continuou insensível. Ela levantou-se, seu corpo tremia, tremia em dor. M as a porta já estava aberta e ela seguiu.
E caminhou. Seu sangue ia misturando-se ao asfalto negro. Sua alma escorrendo. Caminhou. Caminhou até encontrar um menino. Menino também descalço, sem nome. Um menino, e foi isso que a fez esquecer suas feridas e experimentar a verdadeira dor, um menino com fome.
Ela correu. Correu porque sua alma doía de uma dor sem fim. Correu porque não entendia aquela dor. Correu , correu porque a porta estava aberta. Correu pelo mundo. E viu, aquilo que se deixa de ver todos os dias, ela viu o mundo. Viu o mundo e sentiu dor.
Estava aberta. Pela porta da casa entrou a dor, sua pele ficou marcada, mas seus pés, nunca mais tocaram o asfalto. Estava aberta e a dor nunca mais a deixou.
Mas a porta já estava aberta , ela já descera o degrau, os pés queimados não podiam impedir que seguisse. Ela seguiu, até o fim da rua, cada passo lhe queimava mais a alma, mas a porta já fora aberta, então ela seguia. Virou a esquina e foi interrompida por uma bicicleta que não se interrompeu e acabou por cima dela.
Ela se encontrou inteira com o asfalto. o ardor da alma era-lhe agora também da pele. Sua pele cobria-se de sangue, o sangue escorria, sua alma escorria. A bicicleta continuou insensível. Ela levantou-se, seu corpo tremia, tremia em dor. M as a porta já estava aberta e ela seguiu.
E caminhou. Seu sangue ia misturando-se ao asfalto negro. Sua alma escorrendo. Caminhou. Caminhou até encontrar um menino. Menino também descalço, sem nome. Um menino, e foi isso que a fez esquecer suas feridas e experimentar a verdadeira dor, um menino com fome.
Ela correu. Correu porque sua alma doía de uma dor sem fim. Correu porque não entendia aquela dor. Correu , correu porque a porta estava aberta. Correu pelo mundo. E viu, aquilo que se deixa de ver todos os dias, ela viu o mundo. Viu o mundo e sentiu dor.
Estava aberta. Pela porta da casa entrou a dor, sua pele ficou marcada, mas seus pés, nunca mais tocaram o asfalto. Estava aberta e a dor nunca mais a deixou.
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